Isay Weinfeld

A sandália Havaianas, criada em 1962, foi inspirada no “zori”, um tradicional chinelo japonês feito em palha de arroz. Produto de baixíssimo custo, foi por muitos anos apenas um chinelo de borracha, simplório, longe do ícone fashion que é hoje.
Nosso maior desafio foi transpor à arquitetura o clima inspirado pela marca: frescor, informalidade, conforto, tranquilidade, bem-estar, brasilidade.
Diferente da primeira loja em São Paulo, o programa no Rio se deu de forma vertical, em quatro pavimentos devido ao pequeno terreno, o que trouxe um grande obstáculo em como atrair clientes por todo o espaço. Assim, sua fachada, uma caixa preta – diferente do que se espera da marca Havaianas – provoca curiosidade sobre o que existe em seu interior.
O térreo, única parte aberta para o exterior, é uma extensão da calçada, totalmente aberto para a rua, sem portas ou vitrines, com farta vegetação ampliada pelo revestimento de aço inox polido que funciona como espelho e ainda mantêm o mistério do que existe acima.
Por acabar funcionando como uma praça, o cliente vai sendo conduzido de forma natural ao interior e, apenas ao entrar, a loja começa a ser revelada.
As lajes superiores desencontradas em diferentes tamanhos junto à materialidade translúcida das escadas permitem enxergar um degrade colorido composto pelo próprio produto principal da marca: as sandálias, presentes nas quatro paredes até a cobertura do último andar, uma pérgola quadriculada branca com vidro, que permite a passagem de luz natural por toda a loja, realçando as sandálias expostas.