Isay Weinfeld

A Casa Atrium está localizada num terreno retangular e plano, que atravessa a quadra transversalmente de uma rua a outra, em um bairro residencial de São Paulo.
Além do (extenso) programa do cliente, dois fatores foram determinantes para a definição da implantação da casa e organização dos espaços.
O primeiro era a existência de uma árvore que os clientes desejavam preservar. O Segundo, um dado do Código Zoneamento vigente, que permitia a ocupação do lote em toda a sua largura.
A partir então dos limites definidos pelos recuos e pelas divisas laterais do terreno decidimos, ao invés de ocupá-lo na totalidade, distribuir o programa em faixas estreitas ao longo do seu perímetro, de modo a deixar ao centro um generoso jardim – jardim esse, aliás, de contorno recortado, resultado do avanço maior ou menor dessas faixas, conforme a necessidade e o ambiente abrigado.
O pavimento superior, não por coincidência, obedece exatamente o mesmo contorno do jardim em seu perímetro interno, reforçando a forma irregular do vazio central. Nas faces voltadas a este vazio, portas-veneziana de correr combinadas a painéis-veneziana fixos cobrem toda a fachada, permitindo a alternância entre cheios e vazios quando abertas as portas, ou um plano-veneziana uniforme e contínuo, quando fechadas. Em oposição a esse dinamismo, a empena que se vê de qualquer das ruas – à frente ou ao fundo – é completamente cega. A bem da verdade, não só cega, mas também muito discreta, pois tampouco revela ou antecipa qualquer detalhe a respeito da casa. É preciso cruzar a porta para descobrí-la e perceber, quase num espanto, que se pode percorrê-la da frente ao fundo, através das salas, terraços e jardins, sem qualquer impedimento.